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sábado, 6 de julho de 2019
ONOFRE LOPES DA SILVA
Nasceu no
distrito de Comum (São José de Mipibu –RN, hoje pertencente a Monte Alegre), em
13 de julho de 1907, nono dos dez filhos do agricultor José Lopes e de Maria
Joaquina dos Prazeres Lopes. Onofre aprendeu a ler com a família, e, aos 14
anos, mudou-se para Natal, para estudar no Grupo Escolar Augusto Severo, com o
professor Aprígio Câmara. Depois, foi para a escola do professor Zuza, onde
chegou a ser ajudante do professor. Teve ainda como mestres João Tibúrcio e Ivo
Cavalcanti, com quem concluiu o curso secundário. Em 1926,com ajuda financeira
do governador José Augusto, foi estudar na Faculdade de Medicina do Recife.Para
manter-se, trabalhou como professor de uma escola para carvoeiros e como
representante de laboratórios médicos. Em 1928, transferiu-se para a Faculdade
Nacional de Medicina no Rio de Janeiro. Na então capital federal, também
trabalhou como representante de laboratórios farmacêuticos. Onofre foi aprovado
em primeiro lugar no concurso para estagiário do Hospital da Marinha, na Ilha
das Cobras, e no curso médico foi aluno de grandes mestres, como Miguel Couto e
Carlos Chagas, sendo este o paraninfo de seu turma (1932).
Iniciou suas atividades profissionais em Natal
,atuando na Junta Médica da Inspetoria dos Portos, onde conheceu o Dr. Januário
Cicco,que o convidou para trabalhar no Hospital Miguel Couto.Trabalhou também
como assistente do Dr Aderbal de Figueiredo,na clínica Urológica. Entre 1933 e
1935, atuou como diretor do leprosário São Francisco, em Natal. Além de suas
atividades como cirurgião, com consultório privado, desenvolveu diversas
atividades: médico legista do departamento de Segurança Pública do Estado do
Rio Grande do Norte; médico do Instituto de Proteção e Assistência à
Infância(I.A.P.I), onde trabalhou com Varela Santiago; membro do conselho
penitenciário do estado; professor de Anatomia e Fisiologia da escola de
Serviço Social e da Escola Doméstica de Natal; professor da Liga de Ensino do
RN; professor do Curso de Samaritanas da Cruz Vermelha; chefe da Clínica
Cirúrgica do Hospital Miguel Couto. Em dezembro de 1934,
casou-se com Selva Capistrano. O casal teve
quatro filhos: Onofre Júnior, também cirurgião e professor de Medicina; Nilza;
Maísa e Eliana.
Em 1936, ingressou no Curso de Saúde Publica (
Rio de Janeiro). E no final deste mesmo ano, assumiu a coordenação do serviço
de B.C.G da Sociedade de Medicina do RN.
O Dr. Onofre fazia a vacinação na própria casa
das parturientes, já que era o local onde ocorriam muitos partos naquela época.
Seu filho Onofre Júnior foi a primeira criança a tomar a vacina B.C.G em Natal.
No ano de 1948, viajou para os Estados Unidos (Nova York, Boston e Filadélfia),
onde permaneceu por seis meses e realizou estágios em serviços de Cirurgia Torácica
e em administração hospitalar. Foi nomeado diretor da Escola de Auxiliares de
Enfermagem de Natal, criada por Januário Cicco , que era o presidente da
Sociedade de Assistência Hospitalar (SAH) .
Com a morte de Januário, em 1952,
passou a dirigir a SAH, administrando a Maternidade e o Hospital. Em 1954,
voltou aos Estados Unidos, onde fez estágio de especialização em Cirurgia
Torácica na Clínica Mayo, em Rochester. Onofre Lopes estimulou os primeiros
encontros científicos médicos do RN, promovendo intercâmbio com colegas de
estados vizinhos e também do exterior, como o italiano Luigi Olivieri, que foi
o primeiro professor de anatomia do RN. Na ”Semana de Estudos
Médico-Cirúrgicos”, no início de 1955, foi criada a Faculdade de Medicina de
Natal, que foi autorizada a funcionar por decreto assinado em setembro do mesmo
ano pelo potiguar João Café Filho, presidente da república. Dr Onofre foi
eleito Diretor da Faculdade de Medicina, sendo o vice diretor o Dr Luiz Antônio
dos Santos Lima. Em julho de 1958, inscreveu-se no Conselho Regional de
Medicina do RN (CRM- RN) e recebeu a carteira de identidade do médico N° 1, e
em setembro foi eleito e empossado seu Presidente, para um mandato de cinco
anos.
Em 25 de Julho , o governador Dinarte de Medeiros
Mariz sancionou a lei criando a Universidade Estadual, para congregar os cursos
já existentes de Medicina, Filosofia, Farmácia, Serviço Social, Direito e
Odontologia. Por escolha em lista tríplice,o governador nomeou Onofre Lopes o
primeiro Reitor e a Universidade passou a funcionar na Faculdade de Filosofia
.Dois anos depois de sua fundação,a Universidade foi federalizada por decreto
(lei n° 3.849) sancionado pelo presidente da república Juscelino Kubitschek.
Durante os doze anos que foi reitor, destacaram-se como suas principais ações:
aquisição do prédio n° 780 da avenida Hermes da Fonseca, para ser a sede da
Reitoria; serviço central de bibliotecas (SCB); autorização do primeiro curso
para auxiliares de bibliotecas da URN; instalação da Escola de Engenharia;
reconhecimento, por decreto federal, da Escola de Auxiliares de Enfermagem;
inauguração da Tipografia Universitária; criação da farmácia- escola da
Faculdade de Farmácia; instalação da Escola de Música; instalação do Instituto
de Antropologia e nomeação do prof. Luís da Câmara Cascudo para seu diretor ;
criação do núcleo de Biologia Marinha; viabilização do reconhecimento e
revalidação dos cursos da Escola Doméstica de Natal; criação do Instituto de
Medicina Preventiva; inauguração do prédio da Faculdade de Medicina; criação da
junta médica ; criação do curso pré- universitário; inauguração do restaurante
universitário;criação do Instituto de Pesquisa e Tecnologia Farmacêutica;
incorporação da Escola Agrícola de Jundiaí; criação da Policlínica e do Pronto
Socorro Odontológicos; agregação da Faculdade de Ciências Econômicas, Contábeis
e Atuária; criação do Instituto de Matemática; criação do Programa RITA (
convênio com Utah State University, USA, Agencia de Desenvolvimento
Internacional e SUDENE); incorporação da Faculdade de Sociologia e Política e
da Faculdade de Jornalismo Eloy de Souza; criação do CRUTAC (Centro Rural
Universitário de Ação Comunitária) -que ampliou-se e chegou a ser implantado em
39 universidades nacionais, além de diversos países da América do Sul e África;
foi ainda fundador do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras-CRUB.
Pela qualidade de seus discursos, trabalhos científicos e marcante atuação nos
setores culturais,
Onofre foi indicado para a Academia
–Norte-riograndense de Letras, ocupando a cadeira n° 11,cujo patrono era o
padre João Maria, sucedendo o amigo Januário Cicco. Ele
presidiu
a entidade por nove anos, onde teve destacada administração. Também presidiu o
Conselho Estadual de Cultura. Faleceu
no dia 13 de julho de 1984, no dia em que completava 77 anos, no hospital que
hoje tem o seu nome.
FONTE: “O
Magnífico – Uma biografia de Onofre Lopes” Autor: Diógenes da Cunha Lima
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